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Conhecendo o universo de Dânin com Henrique Munhoz 

"Continue escrevendo. Com certeza, haverá alguém lendo que será impactado por suas histórias."

Henrique Camillo Munhoz nasceu em 1997, em São Paulo, capital, e mudou-se para Itatiba ainda na infância, onde mora até hoje. Ingressou no mundo da literatura através da série Rangers – Ordem dos Arqueiros, apresentada por sua mãe. Em 2014, no primeiro ano do ensino médio, começou a escrever os rascunhos do que viria a se tornar O Guardião das Runas. Formou-se em História e, logo após, concluiu um curso de roteiro. Apaixonado por arqueologia, pretende seguir nessa área de estudo em um futuro próximo.

Dando sequência para nossa série de entrevistas com autores da Palavra & Verso, trazemos aqui um pouco da trajetória literária de Henrique, bem como suas inspirações, seus próximos projetos, etc. Confira:





Palavra & Verso – O que inspirou você a escrever no gênero de fantasia? Teve algum autor ou obra que marcou seu início?

Henrique Munhoz – Comecei no gênero de fantasia através da série de livros Rangers – Ordem dos Arqueiros, cujos lançamentos acompanho até hoje. Ainda era criança quando minha mãe me apresentou o primeiro livro da série. Nessa mesma época, descobri os filmes de O Senhor dos Anéis, e, ao assisti-los, me apaixonei já nos primeiros minutos. Outra obra que me inspirou muito na criação do meu mundo foi a série animada Avatar. Até hoje, essas três obras continuam sendo minha grande fonte de inspiração.



Palavra & Verso – Como foi o processo de criação do seu mundo? Quais foram os desafios ao desenvolver uma mitologia própria?

Henrique Munhoz – Embora tenha começado a ler ainda criança, foi somente aos quinze anos que, de fato, me lancei ao mundo da escrita. A primeira ideia, o primeiro esboço, surgiu quando eu estava no primeiro ano do ensino médio, através de um amigo da época. Ele me apresentou sua ideia de escrever uma história que se passasse em uma vila medieval chamada Valle Magus. Com o passar do tempo, ele percebeu que eu estava mais empolgado em escrever e me passou sua ideia. Abrimé e, então, Dânin passaram a existir a partir de Valle Magus. Hoje, homenageio esse amigo através do personagem Borban Sylfenhûd, que foi inspirado nele. O resto da mitologia foi se desenvolvendo com o tempo, à medida que eu escrevia e reescrevia o livro, tirando inspirações de diferentes obras que consumia, como O Senhor dos Anéis, até se tornar o vasto mundo que é hoje.



Palavra & Verso – Os personagens da sua história possuem inspirações em pessoas reais ou são totalmente frutos da imaginação?

Henrique Munhoz – Alguns, sim, foram inspirados em pessoas reais, como no exemplo que dei na resposta anterior. A maioria usei a inspiração apenas para suas aparências. Porém, os nomes dos personagens principais foram todos da minha imaginação. Assim que escrevi um, os outros surgiram em sequência, como se tivessem que ser aqueles nomes.



Palavra & Verso – Você busca trazer elementos únicos ou inovadores para suas histórias de fantasia? Como procura se destacar dentro do gênero?

Henrique Munhoz – Esse é um elemento particularmente desafiador. Procuro, sim, trazer algo de novo, mas, como ainda estou no começo da minha jornada, não me sinto confortável o bastante para me arriscar totalmente. Ainda estou desenvolvendo uma história que levará bastante tempo para ser concluída, justamente por, acredito eu, ser inovadora, mas valerá a pena a espera.



Palavra & Verso – Quais mensagens ou valores você espera transmitir aos leitores através das suas histórias? Há algum tema que você considera essencial em suas obras?

Henrique Munhoz – Procuro transmitir a questão da diversidade e igualdade em meus livros. Apesar de serem levemente baseados na Idade Média, o grande diferencial são as personagens femininas que vêm em peso e possuem os mesmos cargos que os personagens masculinos, que, em muitas obras, são permitidos apenas para homens.



Palavra & Verso – Como você equilibra os aspectos mágicos e sobrenaturais com a humanidade e vulnerabilidade dos seus personagens?

Henrique Munhoz – A magia e o sobrenatural são intrínsecos ao mundo do meu livro. Fazem parte do cotidiano do mais simples camponês até o mais alto dos nobres. Eles são moldados por essas questões. Os deuses são bastante ativos no mundo mortal, embora os mortais não saibam. Há um equilíbrio natural entre essas forças que permeiam o mundo. Existe um respeito geral, mesmo havendo aqueles que se acham superiores por poderem controlar uma dessas forças. Cada um é vulnerável a elas, cabendo a eles escolherem ser dominados ou dominadores.



Palavra & Verso – A fantasia é um gênero que muitas vezes reflete questões sociais e culturais. Como você incorpora questões contemporâneas em suas histórias?

Henrique Munhoz – Bem, como respondi antes, procurei ser bem inclusivo nas minhas histórias, mas também abordo o preconceito e o racismo. Em meu mundo, muitas dessas questões foram apaziguadas, pois os povos já passaram por um grande cataclismo que os forçou a se unir. Contudo, ainda hoje há desconfianças, embora em menor escala.



Palavra & Verso – O que você acha que diferencia a fantasia nacional da literatura de fantasia estrangeira?

Henrique Munhoz – Acredito que a principal diferença está no país onde o escritor mora. Ele trará para suas obras elementos de sua história, de sua cultura, de seu folclore.



Palavra & Verso – Como surgiu a ideia de escrever a história O Reino das Águias | O Guardião das Runas, e como foi o processo criativo por trás da escolha do título do livro.

Henrique Munhoz – Parte dessa questão já respondi anteriormente, mas, de forma resumida, a ideia inicial não começou comigo, mas com um amigo meu quando estávamos no primeiro ano do ensino médio. Conversamos por dias sobre o tema, e, ao notar que eu estava mais empolgado, ele me passou a ideia de escrever uma história que se passasse em uma vila de magos. Daí surgiu Valle Magus e, a partir dela, o resto do mundo. Desde os planos iniciais, conversávamos sobre o protagonista ser o herdeiro de uma profecia, onde ele deveria encontrar as Sete Runas Consagradas, aprender seus poderes elementais e destruir o principal vilão da saga. Por isso, O Guardião das Runas. Já O Reino das Águias surgiu porque a história do livro se passa nessa parte do mundo, um reino onde as pessoas conseguem se transformar em águias gigantes.



Palavra & Verso – Qual foi a cena mais desafiadora de escrever em sua obra mais recente, e por quê?

Henrique Munhoz – Acredito que muitos autores pensem o mesmo sobre essa questão. Para mim, as cenas mais difíceis de escrever são sempre aquelas que envolvem a morte de um personagem. Sempre penso em escrever a melhor sequência para fazer valer a pena essa morte e tornar a cena impactante.



Palavra & Verso – Como foi o processo de criação do personagem principal, Martin O’Connell? Quais foram as suas inspirações e desafios ao desenvolvê-lo?

Henrique Munhoz – O desenvolvimento do personagem principal, Martin O’Connell / Elahir Edahrion, ocorreu ao longo da escrita do livro. Seu primeiro nome, “Martin”, é uma variação de “Merlin”, sendo uma homenagem ao lendário mago, pois ele também é um mago. Já o sobrenome “O’Connell” é inspirado em Rick O’Connell, o personagem principal dos icônicos filmes de A Múmia. Meus principais desafios em relação a ele foram uma particularidade que ele possui: ele consegue ver e interagir com o mundo espiritual. Por isso, ele já é bem desenvolvido no começo do livro e sabe como resolver algumas questões que outros personagens sequer imaginam. Esse lado dele foi inspirado na vida de alguém muito próximo a mim.



Palavra & Verso – Que conselhos você daria para novos autores que estão começando a escrever fantasia no Brasil?

Henrique Munhoz – Como disse antes, autores nacionais de fantasia ainda são algo muito novo em nossa história. E, como o mundo atual está se tornando cada vez mais difícil para o interesse na literatura, justamente por estarmos vivendo em uma época do “agora”, onde as pessoas querem resultados imediatos, mas não querem ver e passar pelo caminho que as levará até eles, meu recado é o seguinte: mesmo parecendo difícil, mesmo parecendo que essa vida de escritor não levará a nada, continue escrevendo. Com certeza, haverá alguém lendo que será impactado por suas histórias. Mesmo que seja apenas uma pessoa. Essa única pessoa poderá começar a gostar de ler por sua causa, e essa é a maior alegria que um escritor pode ter.

 


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