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Do Maranhão para o Brasil: Mhario Lincoln

"Enquanto o artista coloca na tela a visão interior de como vê determinado momento da paisagem, eu faço do livro essa caixa forte, onde deposito milhares de experiências pessoais. No fundo, esse ato de escrever acabou aliviando boa parte de minhas angústias, tornando-as mais leves."

Mhario Lincoln, através de sua poesia visceral e intimista, convida o leitor a uma bela contemplação da vida e do universo através das palavras.

Nada escapa aos olhos do poeta: desde as lembranças de sua infância em São Luis até reflexões sobre o amor e a vida e morte são temas de sua poética.

Sua obra mais recente, "A Bula dos Sete Pecados", é um presente para todos os amantes da arte e da poesia; sem dúvida, está à altura do nome à frente da Academia Poética Brasileira.

Dando sequência para nossa série de entrevistas com autores da Palavra & Verso, trazemos aqui um pouco da inspiradora trajetória literária de Mhario, bem como suas inspirações, seus próximos projetos, etc. Confira:



Palavra & Verso - Você sempre quis ser um escritor? E o que te motivou de fato a iniciar os seus trabalhos com a escrita?

ML: Por incrível que possa parecer, essa minha veia de escritor realmente nasceu com a sequência da leitura que empreendi, ao longo de meus primeiros 50 anos de vida. No meu caso (apesar das deficiências que ainda tenho) parater essa habilidade criativa, construir roteiros abrangentes, com cenários e sentimentos únicos de cada personagem, tive obrigatoriamente que passar por essa maratona de leitura. Quantas vezes escrevendo os projetos de meus dois romances, vieram à minha cabeça passagens exuberantes de “Os Pilares da Terra”, “O Retrato de Dorian Grey”, “Cem Anos de Solidão”, “E O Vento Levou”, entre outros. É essa base que tive para escrever.Um desses romances deverei apresentar a editora “Palavra e Verso“, no começo do ano que vem. Será mais um bom lançamento.


Palavra & Verso - Fale um pouco sobre os seus gêneros de escrita, e qual é a importância dos mesmos em sua vida como leitor, escritor e jornalista.

ML: Desde os 14 anos até minha aposentadoria na imprensa escrita, em 2010, continuava aprendendo a redigir. É um aprendizado contínuo. Fui um redator de jornal, no começo de minha carreira, na década de 70, onde lia e interpretava muitos tipos de linguagem. Recebia ‘telex’ do Brasil e do Mundo. Tinha que escolher as matérias mais importantes e reeditá-las. Isso me facilitou ter uma fluência na escrita de forma rápida. Sou um apaixonado pelo texto de Edgar Allan Poe (do realismo fantástico). Admiro Alfred Hitchcock, no suspense e também sou fã da rainha do ‘thriller’ policial,a inglesa Agatha Christie. Por outro lado, é impossível deixar de ler bons romances. Mas existem grandes obras que são condição ‘sine qua non’ para quem deseja ser um escritor. Por exemplo, entre muitos, “Moby Dick”, de Herman Melville, “Grandes esperanças”, de CharlesDickens, “Crime e castigo”, de Fiodor Dostoievski. Mas foi “Madame Bovary”, de Gustave Flaubert, um livro realmente importante para que eu pudesse aprender algumas técnicas de escrita, na percepção construtiva de um roteiro com os elementos básicos de uma história.


Palavra & Verso - Quem mais te apoiou em sua carreira como escritor / poeta?

ML: Na verdade, minha mãe. Ao depois, o desembargador Aluízio Ribeiro da Silva e meu amigo Edomir Martins de Oliveira (vice-presidente nacional da Academia Poética Brasileira). Deram-me os primeiros livros. Tive que ler. E ler muito para tentar dissimular a prática de texto (redacional de matutino), que eu tinha desde os 16 anos quando passei a trabalhar na redação do ‘Jornal Pequeno’, em São Luís-MA, (uma coluna diária), após, aos 14 e 15 anos, ter sido fotógrafo (amador) de reportagens policiais, do mesmo jornal.


Palavra & Verso - Quais são os seus escritores favoritos, bem como os autores que influenciam a sua escrita?

ML:Tudo começou com “Cem anos de Solidão”, livro a mim presenteado pelo poeta e amigo Luís Augusto Cassas. Outro livro que me fez chorar bastante: “Meu Pé de Laranja Lima”, desse excepcional José Mauro de Vasconcelos. Na poesia, destaco Augusto dos Anjos. Pois bem! Até conhecer García Márquez, meu interesse era por livros técnicos de minha área, o Direito. Mesmo sendo uma área técnica (eu penso assim), no fundo o Direito é das mais humanas que conheço. Por isso, me arvorava em ler e reler o maranhense Agostinho Marques e seu livro “A Ciência do Direito”. E nele fui conhecendo grandes pensadores, inclusive, filósofos. Max Weber, Auguste Comte, Hegel, Kant. “A Ciência do Direito” me fez pensar coisas novas, mundos novos, até Augusto Cassas me fazer conhecer Gabriel García Márquez. Outro dia, escrevi uma pequena resenha sobre esse livro. Está no link (a seguir), para quem se interessar:

Assim se deu minha entrada nesse maravilhoso mundo da literatura universal. De lá para cá, li quase tudo que caiu em minhas mãos. Uma pitada de influência aqui (sobretudo com Lacan) outra pitadinha ali (Edgar Allan Poe, e a pluralidade de William Blake) ou mais ali, com Drummond, Quintana, Bandeira, Cecília Meireles, Hilda Hilst, Maiakovski, Machado de Assis. Do Maranhão, li quase todos. A partir daí o conhecimento poético se expandiu e assim, somente com essa experiência existencial absorvida através dessas leituras é que consegui entender o espírito das poesias consequentes.


Palavra & Verso - Em relação ao seu processo de escrita, o que o motiva mais na produção de um livro? O que o faz se sentir mais inspirado para escrever?

Na minha opinião, o livro deixou de ser desejo adolescente, simplesmente. Mas passou a ser algo, tipo um instrumento, que me levaria a guardar o que aprendi. O livro é uma biblioteca pessoal. Algo que gostaria que meus leitores, amigos e familiares o tivessem por perto para conhecer minhas ideias e como fiz para driblar alguns incidentes gerados durante meus quase 70 anos de vida. É essa a causa que me leva a escrever. Enquanto o artista coloca na tela a visão interior de como vê determinado momento da paisagem, eu faço do livro essa caixa forte, onde deposito milhares de experiências pessoais. No fundo, esse ato de escrever acabou aliviando boa parte de minhas angústias, tornando-as mais leves, independentemente se o leitor gostou, ou se o livro vendeu horrores. Nunca escrevi uma obra minha, sequer, pensando em torná-lo um ‘best-seller’. Meu livro-reportagem “Ina – A Violação do Sagrado”, dos anos 80, até hoje recebe muitas críticas favoráveis. Mas esse livro – nesse caso e só nesse – tinha que haver uma resposta, um “feedback” mais forte, pois conta a história de um dos mais sérios acidentes marítimos no Golfão Maranhense, na costa de São Luís, capital do Estado. Então, se esses dois romances que lançarei no ano que vem ‘vingarem’, tornarem-se alvo benéfico da crítica especializada e vender muito, claro que ficarei feliz, sabendo, que antes de qualquer benefício financeiro, já me trouxeram alívio aosmeus sentimentos íntimos.


Palavra & Verso - De onde veio a inspiração para o seu livro mais recente, “A Bula dos Sete Pecados”?

ML: Com certeza fiz esse livro (um apanhado de vários poemas construídos ao longo do tempo, acho que desde 1972), mais para produzir algo que pudesse estrear na editora “Palavra e Verso”, de Vanessa Musial. Estava com muita vontade de entrar no catálogo dessa editora. Então, fui nas gavetas e copilei poesias, frases e recadinhos que havia escrito. E o resultado foi espetacular. O livro tem recebido críticas de pessoas especializadas de norte a sul do país. Críticas de resenhistas importantes no cenário nacional. Isso me deixou muito satisfeito, especialmente pela profissionalidade do designer do projeto, elaborado por Vanessa. Bem diferente, renovador. Esse é o terceiro livro de poesias. Mas o primeiro que faço pela “Palavra e Verso”.


Palavra & Verso - Você tem muitos projetos em mente? Pode falar sobre algum deles? Fale um pouco sobre sua trajetória literária.

No segundo ano do Ginásio, no Liceu Maranhense, fiz uma parceria com o hoje compositor maranhense famoso, César Teixeira, e fundamos a revista PERSPECTIVA. Com muitas dificuldades, colocamos o primeiro número nas ruas, com uma entrevista escandalosa: ‘O criador de Cobras’. Um artista de circo que montou lona no centro da cidade de São Luís-MA, para mostrar uma diversidade de cobras que existia em nosso País. Surgiu meu primeiro texto jornalístico (prosa). Acho que foi dali que eu acreditei numa possível carreira solo.Então, passei por muitas experiências agradáveis e pedagógicas na literatura e no jornalismo.


Palavra & Verso - Quais são as expectativas para a publicação de seu próximo trabalho literário,“O Afundamento Histórico do Terceiro Maior Graneleiro do Mundo”?

ML: Ainda estou fazendo uma ampliação da obra. As edições anteriores foram bem técnicas. Desta vez, quero dar um cunho romanceado na história. Vou refazer algumas pesquisas, recontar alguns trechos, tirar algumas citações. Um trabalho que planejo para todo o ano de 2021, para lançá-lo em 2022. O livro original tinha o título de “INA-A VIOLAÇÃO DO SAGRADO”, mas remetia a lendas e mistérios do Golfão Maranhense, falava da Princesa Ina (nossa Iemanjá) entre outros personagens. Acontece que há apenas um capítulo que menciona tais mistérios. Assim, tive que readaptar o nome. Com certeza será um novo livro romanceado, cheio de detalhes técnicos retirados da obra original.


Palavra & Verso - A respeito de seu grandioso trabalho com a Academia Poética Brasileira (APB); quais são os próximos projetos e novidades que podemos esperar da entidade?

ML: Estamos configurando a “DialradiowebTV”, 24 horas no ar. Com dezenas de novidades poéticas e musicais. Um projeto que trabalhei durante a pandemia, no 1º semestre de 2020, e que está finalmente se tornando realidade. A Academia Poética Brasileira caminha para receber mais alguns membros e chegar ao seu limite de 100 Cadeiras. É um trabalho imenso cuidar da nossa Plataforma de Informação (Facetubes) e de mais outras dezenas de atividades.


Palavra & Verso - Gostaria de deixar um recado de motivação para novos escritores que acabam de iniciar suas jornadas no mundo literário e estão em busca de realizar seus sonhos?

ML: Ler...ler...ler... para definir sua carreira solo. Aquela história de ‘não desista de seus sonhos’, etc etc, nada pega, caso você não se familiarize com a leitura. Ler...ler...ler. Isso Basta!


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