"Acredito que quando nos imaginamos fazendo qualquer coisa, seja ela impossível ou não, isso acontece pois somos capazes de tudo. Se você quer escrever, por exemplo, mas acha que o que faz não é bom, continue praticando em gêneros diferentes."
Sob o pseudônimo de Lawrene Foster, Lidiane Barbosa escreve desde os 15 anos. Hoje, aos 25, está envolvida em diversos projetos literários: a publicação da duologia Entre Dois Amores, o início da saga fantástica The Survivors e o romance O que vivemos em dois meses, além de sua recente participação na antologia de terror Escrito com Sangue. A autora impressiona com sua bagagem literária, e não há dúvidas que ainda possui uma infinidade de histórias para contar.
Dando sequência para nossa série de entrevistas com autores da Palavra & Verso, trazemos aqui um pouco da inspiradora trajetória literária de Lidiane, bem como suas inspirações, seus próximos livros, etc. Confira:
Palavra & Verso - Você sempre quis ser escritora? E o que te motivou de fato escrever o seu primeiro livro?
Lawrene Foster - A princípio, não. No começo da minha adolescência passei a me interessar cada vez mais por filmes. Sempre foi algo que gostei desde de pequena, porém, descobrindo sobre as camadas do cinema, minha atenção começou a ser voltada a arte e me imaginar trabalhando na área veio a me fazer pensar na ideia. Comecei a escrever visando a área de roteiro, o que pra mim caiu como uma forma de prática.
Palavra & Verso - Fale um pouco sobre os gêneros que aborda em sua escrita (fantasia, romance, terror...), e qual é a importância deles em sua vida como leitora e escritora.
Lawrene Foster - Bom, como meu foco é cinema, espero começar a escrever sobre todos os tipos de assuntos. Seja em um livro ou em filmes, é um caminho para podermos nos expressar ou apoiar uma causa das quais abraçamos incluindo feminismo, racismo, machismo, LGBTQIA+. Vejo como uma forma de representatividade social, e quero abordar os temas cada vez mais, pois eu sei que só colocar em uma fala a representatividade ou um personagem secundário gay é apenas mais do mesmo. O melhor de tudo isso é que poder ser incluso em qualquer gênero, seja romance, terror ou fantasia.
Palavra & Verso - Quem mais te apoiou no começo da sua carreira como escritora?
Lawrene Foster - Praticamente, ninguém sabia... que misteriosa ela (risos).
Quando me deixava engolir pela solidão do meu quarto, ou ficar até de madrugada escrevendo, meus irmãos e minha mãe me perguntavam o que tanto eu fazia com um caderno e caneta em mãos. “Estou apenas copiando textos do livro...”. Sim, eu tinha insegurança, achava que poderia rir ou simplesmente nem acreditarem no que eu fazia e preferir apenas deixarem que eu continuasse no meu canto. Com o passar dos anos eu disse que escrevia histórias como uma forma de praticar se um dia eu fosse roteirista e acharam interessante meu ponto de vista.
Mas a primeira pessoa que leu uma de minhas obras foi minha melhor amiga Vanessa Musial que também escreve e me incentivou a publicar Entre Dois Amores. No começo relutei pois não imaginava o romance como um livro, mas não posso negar que a ideia me atraiu. Ele acabou se tornando meu primeiro lançamento na editora.
Palavra & Verso - Os leitores estão ansiosos para o lançamento da saga “The Survivors”; fale um pouco sobre como surgiu a idéia para esta série de livros, e o que podemos esperar já em seu primeiro volume, “Bestial”.
Lawrene Foster - Sempre gostei de histórias fantasiosas, pois são elas que provam que não há limites para nossa imaginação, no nosso mundo tudo é possível e minhas primeiras experiências foram com O Senhor dos Anéis e Harry Potter – e perpetuam até hoje. São grandes obras que inspiram os amantes do gênero a escreverem e comigo não foi diferente. Eu tinha dezesseis anos quando acreditar na história da Scarlett passou a ser real. Queria algo diferente, interessante e com mulheres, por que não?
Em “Bestial” podemos ver um reino fragilizado que acaba por pedir ajuda a mulheres de terras distantes e a camponesa Marilyn se une a elas para ajudar Lancaster a deter a praga de criaturas devoradoras de homens. Será o primeiro de sete livros que contará a trajetória de jovens mulheres envolvendo aventura, terror e representatividade feminina.
Palavra & Verso - Quais são os seus escritores favoritos, bem como os autores que influenciam a sua escrita? Além de autores, há filmes e séries que influenciaram suas obras?
Lawrene Foster - Clarice Lispector, Agatha Christie, J.R.R. Tolkien e Stephen King são os primeiros que me vem a mente. Gosto como envolvem o leitor, seja como Lispector narrando as histórias, Christie brincando com nossa imaginação, Tolkien nos enchendo com sua riqueza em detalhes ou King nos deixando com oito tipos de medo.
Sobre filmes, muitas vezes achava que o cinema se baseava só em evoluir e quanto mais histórias novas para serem contadas melhor. Porém, se você realmente gosta de cinema, você deve conhecer o cinema. Assim sendo, comecei a ver os filmes mais antigos e conhecer os primeiros longas-metragens. Hoje eu defendo quando dizem que não se faz cinema como antigamente (risos). Muitos me influenciam mais por sua narrativa calma e
desacelerada pois sabem colocar pequenas referências que serão usadas mais no final da trama e eu adoro isso.
Palavra & Verso - Recentemente você participou da antologia de terror “Escrito com Sangue”; como surgiu a idéia para escrever o seu conto, “Primeira Página”?
Lawrene Foster - Meu lado geek me influenciou. Eu adoro heróis, filmes, HQ’s ou séries e um dia imaginava fazer algo do tipo, ou inspirado neles, mas não sabia como e apenas deixava a ideia de canto. Logo depois veio o convite da Palavra & Verso sobre a antologia e eu aceitei, mesmo não sabendo o que faria.
Uma das minhas séries favoritas é Smallville e eu adoro Lois Lane. E foi maratonando a série em um episódio sobre um furo que ela precisava para o jornal que tive a ideia para o conto vendo como ela ansiava por respostas, como se desejasse ver o futuro.
Palavra & Verso - Qual você acha que é a importância da música em um livro? Você gosta de ouvir música enquanto escreve?
Lawrene Foster - (Estou respondendo essa entrevista ao som de Queen. “Mama, uh-uuh...” hehe)
Gosto de escrever mergulhada no silêncio, mas não moro sozinha o que acaba por ser quase impossível em minhas horas vagas. Já que não existia silêncio, me adaptei com o que eu gostava de ouvir e eu amei. Adoro ouvir músicas nas minhas produções e todas com o gênero combinando; ouvir faixas românticas para histórias românticas. Rock para algo mais agitado. Letras mais melancólicas para algo mais sério, triste ou amedrontador. A música é uma das maiores inspirações, seja em um filme para te envolver mais na cena, ou para te inspirar em trechos que uma nova história.
Palavra & Verso - De onde veio a inspiração para o seu livro de estréia “Entre Dois Amores”?
Lawrene Foster - Comecei a escrever na mesma época em que o que eu mais acompanhava eram romances e escolhi o gênero já que achei mais fácil. Claro que foi apenas uma ideia e assim que terminei o rascunho apenas guardei. Mas os filmes baseados em livros de Nicholas Sparks eram cada vez mais frequentes e eu queria um romance como aquele do tipo difícil, com alguma barreira que os impeça de ficarem juntos. Lembro de ter reescrito o livro mais de três vezes e revisar mais outras dez mais ou menos antes de mostrar para a minha amiga. Ainda assim, o revisei por mais três anos antes da publicação pois eu almejava uma boa história. Sei que vou ter que escrever muito para isso e vou gostar.
Palavra & Verso - Como você se sentiu quando publicou seu primeiro livro?
Lawrene Foster - Demorou dias para a ficha cair...
Parece que tinha me tornado mãe (risos). Sei como explicar...
Lembro que mal dormi na primeira noite pois eu lia trechos e ria. Não acreditava que fui eu quem o escreveu e esperava que os leitores gostassem do que preenchia aquelas páginas. Vendi para muitos conhecidos e TODOS OS DIAS eu os questionava com um interrogatório. “Já começou a ler? Está em qual parte? Está gostando? Qual personagem você mais detesta e por que o Joe?”
O que me ajudou foram as resenhas, pois davam uma folga para a ansiedade. Foram todas ótimas, não só pelo retorno positivo, mas também por não darem spoilers e incentivarem a continuidade do trabalho.
Palavra & Verso - Você tem muitos projetos em mente? Fale um pouco sobre “O que vivemos em dois meses”, a continuação de Entre Dois Amores, e outros projetos futuros.
Lawrene Foster - Sim, eu tenho mais projetos. Abraço a ideia de ter um caderno de anotações para histórias e personagens, lugares fictícios e abordar temas sociais, mas quero trabalhar com cautela e pensar com carinho sobre.
“O que vivemos em dois meses” ainda é um título provisório para um romance adolescente no qual abordo temas como homofobia, abusos, machismo, racismo dentre outros, onde Daphny Butheller é um caso à parte. Pretendo lançá-lo em 2021 ou no próximo ano pois quero revisá-lo com mais cuidado.
Já a segunda parte de “Entre Dois Amores” será lançado no começo do ano. Posso adiantar que o romance de Andy e Kevin tomará rumos diferentes e que sentiremos mais raiva de Joe.
Palavra & Verso - Gostaria de deixar um recado de motivação para novos escritores continuarem a buscar por seus sonhos?
Lawrene Foster - Acredito que quando nos imaginamos fazendo qualquer coisa, seja ela impossível ou não, isso acontece pois somos capazes de tudo. Se você quer escrever, por exemplo, mas acha que o que faz não é bom, continue praticando em gêneros diferentes. A melhor parte de escrever é que tudo está em nossas mãos, podemos brincar de Deus e fazer com as coisas saiam do nosso jeito.
Se dedicar também depende de nós. Nos aprofundar em diversos assuntos, dar fala aos que são calados e contar histórias de superação. Você consegue.
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